Crédito: Site Oficial/Reprodução |
Elvis Presley não morreu. Mas, se estivesse vivo, completaria 80 anos. O bordão, repetido à exaustão por fãs e admiradores do Rei do Rock parece ganhar mais propriedade à medida que o tempo passa. Seja na fase topetão rock and roll, galã do Havaí, pracinha do exército ou showman de Las Vegas, o legado de Elvis, falecido há 37 anos, só aumenta.
Em tempos de pirataria, streaming pago e música por demanda, o repertório de Elvis Presley ainda soma números impressionantes. Só no serviço de streaming Spotify, a música mais ouvida do cantor, Suspicious minds, conta com cerca de 22.144.411 execuções. Coletâneas, relançamentos e discos ao vivo provam que a marca Elvis Presley continua tão rentável como nos anos 1950-1970, atraindo desde o colecionador que o acompanha desde os anos de sucesso, até jovens que não testemunharam o período de atividade do cantor.
Mesmo morto, Elvis também é uma das celebridades que mais faturam com direitos autorais e royalties. Em levantamento publicado pela revista Forbes em outubro de 2014, o cantor aparece como segundo colocado da lista, com uma arrecadação de cerca de US$ 55 milhões só em 2013, ficando atrás apenas do também cantor Michael Jackson. Na lista de artistas que mais vendem discos no mundo, compilada pela Soundscan, Elvis também aparece em segundo lugar, com uma venda total de 600 milhões de discos no mundo todo, atrás apenas dos Beatles.
Nascido na cidade de Tupelo, Mississipi, no Sul dos EUA, Elvis desde cedo percebeu o quanto a imagem pode ser importante na carreira de um cantor. Dos primeiros compactos em 1954 às primeiras aparições na TV em 1956, ele esteve presente na primeira leva de artistas do rock and roll, ao lado de Chuck Berry, Little Richard e Bill Haley. Com pinta de galã e postura provocativa, Elvis logo ganhou o coração dos adolescentes, mas provocou pavor nos mais velhos. Em um dos momentos marcantes da carreira, o programa de TV Ed Sullivan Show (que anos depois revelaria os Beatles aos EUA), foi proibido de filmar o cantor da cintura para baixo. O motivo: os passos de dança e o rebolado eram considerados imorais e pervertidos. O episódio rendeu ao cantor o apelido “Elvis the Pelvis”. São dessa época, por exemplo, clássicos como Heartbreak Hotel, Don’t be cruel e Hound dog.
Sucesso no rádio e na TV, era também a hora de Elvis invadir o cinema. Protagonista dos longas Ama-me com ternura (1956),O prisioneiro do rock (1957) e Balada sangrenta (1958), o cantor levou para as telonas o estilo transgressor e a rebeldia da juventude dos anos 1950, que se via correspondida e representada. As aventuras de Elvis pelo cinema viriam a influenciar até a próxima geração de artistas rock como os Beatles, em Os reis do iê-iê-iê (1964) e Roberto Carlos em Roberto Carlos em ritmo de avetura (1968). Elvis, inclusive, foi uma das grandes influências de pioneiros do rock brasileiro como Cauby Peixoto, Tony Campello e até o baiano Raul Seixas, que nos anos 1950 e 1960 chegou a presidir um fã-clube do Rei.
Elvis durante uma das apresentações em Las Vegas. Crédito: YouTube/Reprodução |
O cantor endiabrado, no entanto, mudou ao longo dos anos. Convocado para o Exército em 1958, onde ficou até 1960, Elvis surpreendeu os fãs e passou breve período de sua carreira como um homem maduro e comportado, com canções em sua maioria românticas e influenciadas pelo gospel americano, também abdicando das performances ao vivo, coisa que só voltaria a fazer em 1969. Os anos no Exército renderam mais um longa, Saudades de um pracinha, de 1960. A devoção pelo cristianismo também acompanharia Elvis até o fim, como em um show em 1974, onde um grupo de fãs estendia uma faixa com os dizeres “Elvis é o Rei”, para a qual o cantor prontamente respondeu: “Bem, muito obrigado, queridas, mas eu não posso aceitar essa história de realeza, pois, para mim, só há um Rei, Cristo!”.
A nova postura, apesar de bem recebida, prejudicou a carreira de Elvis, que durante os anos no exército, viu a morte de nomes importantes da primeira geração do rock como Ritchie Valens e Buddy Holly, além da prisão de Chuck Berry em 1959. Aliada à aparente queda da primeira geração do rock, do outro lado do oceano, na Inglaterra, os então iniciantes Beatles e Rolling Stones se tornavam os novos fenômenos da música. Isso, no entanto, não impediu Elvis de emplacar sucessos como Suspicious minds e In the ghetto. Foi em 3 de dezembro de 1968, com o especial de TV Elvis ’68 Comeback Special, que o Rei do Rock se viu novamente alçado ao estrelato. Exibido pela rede NBC, o programa marcava a volta de Elvis Presley à televisão após 8 anos, com performance aclamada por público e crítica que trazia vários sucessos da carreira do cantor, mais canções inéditas como a bela If i can dream.
O sucesso gerou o Elvis showman que muitos conhecem, com seu enorme topete, costeletas largas e roupas chamativas, não economizando nas lantejoulas. O novo visual se popularizou nas séries de apresentações realizadas pelo cantor em Las Vegas, cidade que se tornaria símbolo dos excessos dos últimos anos de sua carreira.
Elvis durante gravação do '68 Comeback Special. Crédito: NBC/Reprodução |
Romântico e melancólico, o Rei do Rock saiu de cena comCan’t help falling in love, cuja letra diz: “Como um rio que corre certamente para o mar, querida, assim a vida vai, com algumas coisas que estão destinadas a acontecer”. E em 16 de agosto do mesmo ano, o Rei adormeceu e nunca mais acordou. Encontrado sem vida no banheiro de Graceland, Elvis morria vítima de seus próprios excessos. Após uma disfunção cardíaca fulminante, o Rei, que após tantos anos encantara gerações de fãs, tinha seu descanso. Morria o homem, nascia a lenda. Afinal, Rei que é Rei, nunca perde a realeza.
Curiosidades
Elvis e os BeatlesEm agosto de 1965, em uma das muitas visitas do quarteto de Liverpool aos EUA, eles foram convidados a conhecer a mansão Graceland e conversar com Elvis, ídolo dos quatro rapazes. Anos depois, em entrevistas, John Lennon recorda a timidez inicial e a sensação de incredulidade ao se sentar na mesma sala que Elvis Presley. Apesar da badalação na época, não existem registros fotográficos do encontro. Sabe-se, porém, que os Beatles chegaram a ensaiar algumas músicas com o Rei. Estas, infelizmente, não foram documentadas, restando aos fãs apenas a imaginação de uma partir Elvis/Beatles.
Elvis tuntz tuntz?Em 2002, um sucesso menor de Elvis, A little less conversation, virou sucesso mundial nas mãos do DJ e produtor holandês Junkie XL. Mais dançante e com batidas eletrônicas, a música ganhou popularidade após ser incluída na trilha do filme Onze homens e um segredo (2001), chegando a atingir o número 1 da parada de singles da Inglaterra.
Elvis e a bossa nova
No início dos anos 1960, até o Rei do Rock caiu nos encantos da bossa nova. Lançada em 1963, a música Bossa nova baby foi gravada como parte da trilha de O seresteiro de Acapulco, também de 1963. Popular em muitos países, inclusive no Brasil, a música chegou ao oitavo lugar da parada Billboard americana.
Para ouvir
Cinco discos fundamentais para entender a obra do Rei do Rock
Crédito: Sony/BMG/Divulgação |
Lançada em 2002, a coletânea em CD traz 30 sucessos do cantor como Suspicious minds, Heartbreak Hotel e Don’t be cruel. Ideal para quem começar a se aventurar pela discografia de Elvis.
Gravadora: Sony/BMG
Preço: R$ 15,90
Também disponível para streaming no Deezer, Spotify e Rdio.
Crédito: Sony/BMG/Divulgação |
Primeiro disco de estúdio do cantor, foi lançado no auge da febre do rock and roll no mundo, traz clássicos como Blue moon, Tutti frutti e I got a woman.
Gravadora: Sony/BMG
Preço: R$ 45,90
Também disponível para streaming no Deezer, Spotify e Rdio.
Crédito: Sony/BMG/Divulgação |
Disco ao vivo de Elvis. Por se tratar de um show dos anos 1970, já conta com mais sucessos do cantor. Registra todo a sensação de se assistir um show do Elvis showman da época. Recomendado para fãs de música ao vivo.
Gravadora: Sony/BMG
Preço: R$ 42,90
Também disponível para streaming no Deezer, Spotify e Rdio.
Crédito: Sony/BMG/Divulgação |
Lançado após o sucesso do Elvis ’68 Comeback Special, o disco trazia o retorno do Rei do Rock à gravações originais que não eram trilhas de filmes. Puxado pelo hit In the ghetto, o disco foi considerado um dos 500 melhores álbuns de todos os tempos pela Rolling Stone americana.
Gravadora: Sony/BMG
Preço: R$ 29,90
Também disponível para streaming no Deezer, Spotify e Rdio.
Crédito: Sony/BMG/Divulgaçãodiariodepernambuco.com.br |
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